domingo, 11 de abril de 2010

EROTISMO

“O conhecimento e a inteligência não são perigosos se tiverem suficiente emotividade e suficiente sexualidade para se manter em movimento” Anaïs Nin

Erotismo. A simples palavra acende os sentidos e acicata a libido humana. Analogamente somos a única raça á superfície do planeta que utiliza esse imaginário da mente para comunicar um estado de latência íntima e sexual.

O cérebro humano encontra-se estratificado em 3 níveis distintos, interdependentes mas em situações pontuais independentes. O cérebro reptíleano, o límbico e o neo-córtex. O primeiro acciona os movimentos instintivos e totalmente mecanizados, o segundo processa as emoções e o final as decisões e orientações racionais. Se estabelecermos uma ponte com a dimensão erótica do inter-relacionamento que se estabelece entre os indivíduos, sempre que se colocam nesse plano, pode-se criar um esquema invertido dessa configuração cerebral dado que a consequência limite desse patamar emotivo seria o sexo onde o primeiro cérebro se evidencia perante os restantes. A abrangência, alcance e poder do erotismo é linearmente impossível de conter. Por essa razão ele domina sobre muitas práticas e actividades humanas, quer como ícone de produtos comerciais, catapulta e modelo de sucesso (veja-se a profusa utilização de atletas, pelas marcas de topo, em clara evidência sexual), estímulo dos limites físicos e do instinto de combatividade (utilização de animadoras generosamente semi-desnudadas nas claques desportivas) e, entre muitos outros exemplos, associação de belas mulheres nas vendas de bens largamente adquiridos por homens (Veículos motorizados, cigarros, perfumes, acessórios de moda, ourivesaria, etc.).

Mas se somos continuamente puxados, pressionados e empurrados pelos mecanismos do erotismo é perturbador ver que no essencial somos profundamente desinformados em relação ao tema. E não será apenas pelo teor ostensivamente sexual das imagens e apelos da informação que nos rodeia.

O centro desse fenómeno tão generalizado reside nas lacunas culturais, educacionais e interpessoais que condicionam e reduzem a fruição equilibrada e profícua do erotismo. A limitação e parcialidade com que se debate o assunto cria constantemente uma redundância que reduz e empobrece o seu alcance e beleza. A arte no entanto parece ter-se distanciado desse lugar-comum que submete e quase anula o erotismo, ou seja o sexo.

Na generalidade a pintura, a escultura, o design, o ensaio, filme, livro ou manifestação de teor artístico, reconhecida como tal, recorrem constantemente ao Erotismo desde que foi concebido esse canal de comunicação que é a Arte. Picasso, Dali, Man Ray, Miguel Ângelo, Leonardo Da Vinci, Botticeli, mencionando apenas alguns dos génios criadores que conhecemos, representaram amplamente os seus universos recheando-os de tons, texturas e odores que nos embriagam o cérebro transportando-nos para um palco de liberdade e limite onde todos os desejos e fantasias podem alcançar uma consequente realidade.

Neste ponto deve-se ressalvar que quando me refiro á Arte penso na Boa Arte e seguindo a mesma ideia de distinção coloco igualmente o Erotismo. A Boa Arte tem na sua origem o talento, a originalidade, a capacidade de transfigurar o real, de o dissecar com as emoções para o representar como alternativa á rotina habitual que são as imagens, reflexos e registos desse real. O Bom Erotismo evidencia igualmente os mesmos fundamentos destacando-se claramente da pornografia, da provocação gratuita e dos caminhos fáceis onde emerge o sexo efémero, limitador e dormente.

Seguindo estas ideias simples, com abertura, objectividade, respeito e sentido de oportunidade, pretende-se que este espaço dê berço á publicação e partilha de informações de natureza erótica implícita e explicita apelando á participação de todos aqueles que se revêem numa ideia universal, diferenciada, transparente e solidamente construída do Erotismo.

J.N.

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