segunda-feira, 10 de maio de 2010

O DIVINO

A figura do divino ocupa uma presença objectiva na consciência de todos. Ela representa uma ideia não de uma entidade superior e subjacente á “Criação” mas sim de um estado específico onde o prazer ocupa uma nova interpretação dimensional. Esse limite, ou horizonte, da percepção, revela um espaço e um tempo onde todas as possibilidades se ampliam e podem realizar.


Mas tal como um musculo necessita de um esforço constante para se desenvolver e aumentar a sua capacidade para exercer a sua função o cérebro exige do seu utilizador o mesmo investimento. Alimentar um cérebro não é todavia o mesmo que aumentar o poder de um músculo. O cérebro não é, no essencial, um órgão mecânico. A sua tecnologia utiliza a electricidade e os fluidos cerebrais para o transporte e processamento da informação através de elementos físicos que servem de suporte às inúmeras solicitações.
Esta poderosa capacidade fisiológica não seria por si só eficiente no cumprimento da sua missão se omitíssemos a informação que esse órgão retém. Existe inclusive uma inter-relação entre o volume de informação que um cérebro pode reter e o seu poder. São conhecidos os magníficos feitos de alguns dos maiores cérebros mamíferos que com a sua contribuição promoveram o progresso da raça humana e em consequência disso, o seu domínio sobre as outras formas de vida que habitam o planeta.


Einstein, Aristóteles, Sócrates, Confúcio, Mozart, Almada Negreiros, Madame Curie, Copler, Galileu, Leonardo Da Vinci, Fernando Pessoa, entre muitos outros, trouxeram assombro, progresso e visão em direcção a um futuro que imaginavam mas que era inacessível ao resto das pessoas por não terem o “músculo” necessário para chegarem até ele. E tudo isto apenas com um cérebro e milhões dados arquivados.


Sem informação, sem um interesse e curiosidade naturais, sem direcção, sem empenho e finalmente sem coragem dificilmente teríamos deixado o “conforto” das árvores e conquistado a supremacia da Terra.


O entendimento liberal do relacionamento entre pessoas tem exactamente o mesmo processo evolutivo que desde o momento da gestação confere uma forma, uma orientação e um resultado final que em conjugação permite criar a percepção e o prazer, ou não, animando o interesse dos seus seguidores fiel á medida do seu nível intelectual.


Facilmente se observa essa circunstância se nos movermos através dos meios onde se reúnem os praticantes do Swing. O contexto actual do Swing fornece uma clara visão desta ideia porque apresenta em muitos casos o paradigma da desigualdade, da falta de informação contextual e da falsa orientação sexual. Em muitos casais o Swing torna-se não uma plataforma de equilíbrio onde se promove e reforça a união entre homem e mulher mas sim uma mescla de interesses, por vezes opostos, em que o homem pode ter outras mulheres com o consentimento da sua esposa e a mulher salvar uma relação cujos alicerces se desvaneceram.

Outras ideias subjacentes passam pela obtenção de prazer meramente físico, fugaz e momentâneo sem nenhuma direcção, princípio original ou reflexo evidente no crescimento individual e colectivo. Sexo, tal como a analogia entre o músculo e o cérebro pode ser obtido e mesmo adquirido com esforço nesse caso financeiro e dessa forma percepcionado como um músculo sente uma carga, mas erotismo e sensualidade são uma dimensão do divino que todos nós transportamos mas que nem todos alcançamos.

Raramente encontro pessoas despertas para esta clara ideia que é o contributo da inteligência, dos mecanismos cerebrais e da informação na realidade da vida íntima embora pensem compreender os seus desejos e fantasias. Observo que o princípio que move a maioria dos frequentadores dos Clubes Eróticos, cujo crescimento tem vindo a subir como suporte aos novos interesses e orientações da “modernidade”, se baseia num ideal de juventude, de obtenção de sensações vibrantes e atenções corporais de terceiros e de desconhecidos perante os quais nutrem atracção física.


Se retirarmos a juventude, a beleza que esse estado naturalmente projecta e colocarmos o efeito da idade dentro da fórmula, pressionarmos o botão da máquina do tempo, e colocarmos as mesmas pessoas nos mesmos clubes e nas mesmas parcelas de espaço-tempo seria interessante observar os resultados.


Objectivamente a sensualidade e o erotismo não se submete ao banal da pornografia, nem ao recente facilitismo dos encontros casuais, porque o seu entendimento pleno passa fundamentalmente pela magia pessoal, pelo estado evolutivo do homem e, ou, da mulher, de ambos, ou de um grupo de pessoas unidas pela cumplicidade e pela inteligência que os define, aproxima e promove mediante a sua projecção divina, afastando-os das limitações do decaimento físico, dos efeitos da idade e da beleza convencional imposta pelas convenções sociais.


J.N.